O esporão do calcâneo está frequentemente associado à fascite plantar, mas nem todas as pessoas com fascite plantar têm esporões ósseos.
Um esporão do calcâneo é uma protuberância óssea que se desenvolve na parte inferior do osso do calcanhar. Essa saliência pode se formar devido à tensão contínua no ligamento plantar, que é uma faixa de tecido fibroso que conecta o calcanhar aos dedos dos pés. Quando o ligamento plantar é sobrecarregado, pode ocorrer inflamação e irritação, levando à fascite plantar.
Com o tempo, essa inflamação crônica pode resultar na formação de um esporão do calcâneo. Portanto, embora o esporão do calcâneo e a fascite plantar estejam frequentemente relacionados, nem sempre são observados juntos, e nem todos os casos de fascite plantar resultam em esporões ósseos.
E mais importante: Nem toda paciente que tem esporão tem dor! na verdade a maioria só descobre o esporão ao fazer uma radiografia por outro motivo…
Descobre por acaso!
A fascite plantar é a causa mais frequente de dor no calcanhar e o principal motivo de consulta relacionado ao pé.
Estima-se que pelo menos 1 em cada 10 pessoas sofrerá de fascite plantar em algum momento de suas vidas.
A maioria dos casos agudos, ou seja, com menos de 1 mês de dor, se resolverá espontaneamente sem consulta médica.
Em geral, quando os sintomas já tiveram um impacto maior na qualidade de vida da paciente, ela procura a ortopedista.
Ocorre principalmente em pessoas entre 45 e 65 anos de idade, e quase 90% das pacientes com fascite plantar resolvem seus sintomas dentro de 12 meses com tratamento conservador, ou seja, sem precisar de cirurgia.
Existem dois tipos de fatores de risco:
Aqueles relacionados à paciente, e que não podem ser alterados, por exemplo, a idade, deformidades físicas e a genética, ou seja, a sua herança familiar, e fatores que podem ser alterados, como o peso corporal, o estilo de vida e os calçados.
Vou te mostrar cada um deles com mais detalhes!
Mas o mais importante a saber é que a maioria dos fatores de risco está associada a um aumento da contratura do gastrocnêmio, que é o principal músculo da panturrilha, ou seja, se você tem encurtamento posterior, a chance de desenvolver fascite plantar é maior!
No exame físico, é comum encontrar dor ao tocar na parte interna do calcanhar, onde a fáscia plantar se insere, embora em alguns casos a dor também possa ocorrer na parte central do pé ou na lateral da fáscia plantar.
Também é importante perguntar sobre sintomas neuropáticos associados, como formigamento no pé ou dor noturna irradiada para a parte distal do pé e alterações na sensibilidade, pois isso pode indicar uma síndrome do túnel do tarso inferior, que é uma neuropatia causada pelo aprisionamento do nervo tibial (nervo de Baxter).
A fascite plantar pode ser tratada de forma não cirúrgica, e várias opções de tratamento estão disponíveis. Estas incluem o uso de órteses, palmilhas, infiltrações, ondas de choque extracorpóreas e exercícios de alongamento e fortalecimento.
Embora haja diferentes abordagens e opções de tratamento, os exercícios de alongamento da panturrilha e da fáscia plantar são considerados uma opção de primeira linha no tratamento não cirúrgico da fascite plantar, com evidências que respaldam sua eficácia.
O tratamento cirúrgico é indicado após pelo menos 6 meses de tratamento conservador.
Nesses casos, quando há dor persistente na inserção da fáscia plantar (fascite plantar recalcitrante), pode ser necessária a liberação proximal do gastrocnêmio medial ou a fasciotomia plantar minimamente invasiva, com menos comorbidade e com uma recuperação pós-operatória mais simples para a paciente.
Se houver sintomas neurológicos que sugiram compressão do ramo lateral plantar, é feita a liberação do túnel do tarso junto com uma fasciotomia plantar parcial minimamente invasiva.