O que é esporão?

O esporão do calcâneo está frequentemente associado à fascite plantar, mas nem todas as pessoas com fascite plantar têm esporões ósseos. 

Um esporão do calcâneo é uma protuberância óssea que se desenvolve na parte inferior do osso do calcanhar. Essa saliência pode se formar devido à tensão contínua no ligamento plantar, que é uma faixa de tecido fibroso que conecta o calcanhar aos dedos dos pés. Quando o ligamento plantar é sobrecarregado, pode ocorrer inflamação e irritação, levando à fascite plantar. 

Com o tempo, essa inflamação crônica pode resultar na formação de um esporão do calcâneo. Portanto, embora o esporão do calcâneo e a fascite plantar estejam frequentemente relacionados, nem sempre são observados juntos, e nem todos os casos de fascite plantar resultam em esporões ósseos.

E mais importante: Nem toda paciente que tem esporão tem dor! na verdade a maioria só descobre o esporão ao fazer uma radiografia por outro motivo…

Descobre por acaso!

E a Fascite Plantar?

A fascite plantar é a causa mais frequente de dor no calcanhar e o principal motivo de consulta relacionado ao pé. 

 Estima-se que pelo menos 1 em cada 10 pessoas sofrerá de fascite plantar em algum momento de suas vidas. 

A maioria dos casos agudos, ou seja, com menos de 1 mês de dor,  se resolverá espontaneamente sem consulta médica. 

Em geral, quando os sintomas já tiveram um impacto maior na qualidade de vida da paciente, ela procura a ortopedista.

Ocorre principalmente em pessoas entre 45 e 65 anos de idade, e quase 90% das pacientes com fascite plantar resolvem seus sintomas dentro de 12 meses com tratamento conservador, ou seja, sem precisar de cirurgia.

Quais são os fatores de risco para fascite plantar?

Existem dois tipos de fatores de risco:

Aqueles relacionados à paciente, e que não podem ser alterados, por exemplo, a idade, deformidades físicas e a genética, ou seja, a sua herança familiar, e fatores que podem ser alterados, como o peso corporal, o estilo de vida e os calçados.

Vou te mostrar cada um deles com mais detalhes!

  • Idade: Este fator está relacionado a um processo de degeneração dos tecidos com o envelhecimento, diminuindo a elasticidade dos tecidos que absorvem os impactos da caminhada, tornando a fáscia plantar mais vulnerável a danos. Atletas mais velhas sofrem mais de fascite plantar do que as mais jovens.
  • Peso: O sobrepeso e a obesidade estariam relacionados a um risco 1,4 vezes maior de desenvolver fascite plantar crônica!
  • Gênero: Não há diferença de gênero, ou seja, tanto homens como mulheres podem desenvolver fascite plantar.
  • Esporão do calcâneo: Como ele se origina na inserção do músculo flexor curto dos dedos e não na inserção da fáscia plantar, ainda não há certeza se a fascite plantar é a causa do esporão, ou se são duas coisas que acontecem por “coincidência” no calcanhar, ou seja, não dá para garantir que o esporão causa a fascite plantar, nem que é causado por ela! Além disso, nem a forma nem o tamanho do esporão correlacionam-se com a dor no calcanhar! Algumas pacientes descobrem, na radiografia, esporões enormes, mas nunca tiveram qualquer sintoma! 
  • Compressão de nervo: Existe uma condição em que o primeiro ramo do nervo plantar lateral (nervo de Baxter), fica comprimido no trajeto da sola do pé, indo para o calcanhar, e produz uma dor muito parecida com a da fascite plantar! Em outros casos, a paciente apresenta tanto essa compressão nervosa quanto a fascite plantar, combinadas! A diferenciação entre as duas é feita observando se a sensibilidade está alterada e se há irradiação da dor. Se o ortopedista não se atentar à possibilidade da compressão do nervo, e se confundir com a fascite plantar, a paciente pode inclusive ser operada e não melhorar, porque a causa da dor não será resolvida!  
  • Doença Sistêmica: A espondiloartropatia deve ser suspeitada e descartada quando a dor ocorre nos dois calcanhares de pacientes jovens, já que a fascite plantar não é comum abaixo dos 40 anos.
  • Genética: A influência genética pode estar associada a uma perda progressiva de elasticidade do tecido conjuntivo, que é o tecido que amortece a pisada no contato do pé com o chão. 
  • Estilo de vida e trabalho: Correr recreativamente, atividades militares e permanecer em pé por longos períodos no trabalho também está relacionado ao início de fascite plantar.
  • Deformidades nos membros inferiores e alterações em sua biomecânica também podem estar associadas à fascite plantar resistente.

Mas o mais importante a saber é que a maioria dos fatores de risco  está associada a um aumento da contratura do gastrocnêmio, que é o principal músculo da panturrilha, ou seja, se você tem encurtamento posterior, a chance de desenvolver fascite plantar é maior!

O que é importante ser observado no exame físico?

No exame físico, é comum encontrar dor ao tocar na parte interna do calcanhar, onde a fáscia plantar se insere, embora em alguns casos a dor também possa ocorrer na parte central do pé ou na lateral da fáscia plantar.

Também é importante perguntar sobre sintomas neuropáticos associados, como formigamento no pé ou dor noturna irradiada para a parte distal do pé e alterações na sensibilidade, pois isso pode indicar uma síndrome do túnel do tarso inferior, que é uma neuropatia causada pelo aprisionamento do nervo tibial (nervo de Baxter). 

O tratamento não cirúrgico

A fascite plantar pode ser tratada de forma não cirúrgica, e várias opções de tratamento estão disponíveis. Estas incluem o uso de órteses, palmilhas, infiltrações, ondas de choque extracorpóreas e exercícios de alongamento e fortalecimento.

Embora haja diferentes abordagens e opções de tratamento, os exercícios de alongamento da panturrilha e da fáscia plantar são considerados uma opção de primeira linha no tratamento não cirúrgico da fascite plantar, com evidências que respaldam sua eficácia.

 

O tratamento Cirúrgico

O tratamento cirúrgico é indicado após pelo menos 6 meses de tratamento conservador.

Nesses casos, quando há dor persistente na inserção da fáscia plantar (fascite plantar recalcitrante), pode ser necessária a liberação proximal do gastrocnêmio medial ou a fasciotomia plantar minimamente invasiva,  com menos comorbidade e com uma recuperação pós-operatória mais simples para a paciente.

Se houver sintomas neurológicos que sugiram compressão do ramo lateral plantar, é feita a liberação do túnel do tarso junto com uma fasciotomia plantar parcial minimamente invasiva.

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